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3.1. O que é a sexualidade?

A sexualidade é uma parte integrante da vida de cada indivíduo que contribui para a sua identidade ao longo de toda a vida e para o seu equilíbrio físico e psicológico. 

A sexualidade é "uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade, que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados, é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental" (OMS, 1992).

 

3.2. Etapas do desenvolvimento sexual

Na realidade, a sexualidade “nasce” com o bebé e vai evoluindo na sua forma e expressão ao longo de toda a vida. Isto é, o desenvolvimento psicossexual é um processo complexo e subtil, sujeito a diversos acasos à medida que o ser humano passa pela infância, adolescência, idade adulta e velhice (Félix, 1995).

Embora o ser humano seja um ser sexuado, a sexualidade é diferente consoante a idade. As crianças, os adolescentes, os adultos e as pessoas idosas têm interesses sexuais, manifestando a sua sexualidade através de determinados comportamentos. Contudo, a sexualidade muda com a idade, verificando-se características próprias que estão associadas a cada fase da vida.

Também em cada etapa da vida, as pessoas vivem a sua sexualidade de formas diferentes, estando esta sujeita à influência de diversos fatores socioculturais e às particularidades individuais do desenvolvimento biofisiológico e psicoafetivo de cada pessoa.

Ao longo do ciclo da vida, do ponto de vista biofisiológico existem três períodos importantes: o período pré-natal, a puberdade e o climatério.

Do ponto de vista psicossocial distinguem-se claramente: o período pré-pubertário, a adolescência, a vida adulta e a velhice.

Neste contexto, é difícil definir a sexualidade de uma forma sintética, pois cada período tem as suas especificidades. Apesar disso, as maiores diferenças no desenvolvimento verificam-se entre a fase da pré-puberdade e a fase da pós-puberdade. Nesta seção, pode encontrar informação sobre as principais características que definem cada período da nossa evolução.

 

.A sexualidade pré-pubertária (entre os 0 e os 10-12 anos)

Na infância, a sexualidade é encarada como uma descoberta, nomeadamente do próprio corpo, considerando-se como o primeiro ato sexual da criança mamar no peito da mãe. Nesta fase, a sexualidade é vivida e desenvolve-se nas relações com as sensações corporais e em interação com as figuras de apego.

As principais características da sexualidade nas crianças são:

• Os órgãos genitais estão pouco desenvolvidos.

• Os caracteres sexuais apenas iniciam o seu desenvolvimento.

• A quantidade de hormonas sexuais na circulação sanguínea é também muito pequena.

• As sensações de prazer não adquiriram ainda um significado específico, devido a fatores hormonais e sociais.

• Os estímulos táteis sobre o próprio corpo são os que têm maior poder propiciador de respostas fisiológicas sexuais.

• A sexualidade está mediatizada pelos afetos.

• Interiorização da moral sexual.

Até aos dois/três anos, as crianças adquirem consciência da sua identidade sexual, ou seja, reconhecem-se e identificam-se como rapaz ou rapariga. Simultaneamente, iniciam um processo de aprendizagem e interiorização das funções que a sociedade considera próprias do rapaz ou da rapariga, e que estão associadas ao papel de género.

Também se verifica o controlo dos esfíncteres e a criança começa a questionar-se sobre a origem dos bebés. Os modelos de identificação ou imitação também surgem nesta fase, assim como os problemas relativos ao ciúme (em que a criança não compreende nem aceita uma possível partilha das figuras de apego – aparecimento do Complexo de Caim e Complexo de Édipo). 

 

.A sexualidade na adolescência

A puberdade é uma época de transição entre a infância e a idade adulta, um período marcado por profundas alterações biológicas, fisiológicas e psicológicas, durante o qual o corpo adquire os caracteres sexuais (masculinos e femininos) associados ao sexo biológico, dando-se igualmente a maturação do aparelho reprodutor e a aquisição da capacidade reprodutiva. 

A descoberta da sexualidade atinge o seu auge. O desejo sexual torna-se algo mais específico e vários estímulos adquirem valor sexual. Com uma maior atividade hormonal, os jovens passam por várias alterações ao nível do corpo, designadamente aumento dos órgãos sexuais, ejaculação noturna no caso dos rapazes e a primeira menstruação no caso das raparigas. Habitualmente é neste período que ocorrem os primeiros contatos sexuais e as primeiras experiências.

Vejamos de forma breve quais as mudanças que se produzem e que definem a adolescência (López e Fuertes, 1999):

 Mudanças biofisiológicas

Com a chegada da puberdade, produz-se um conjunto de mudanças fisiológicas (ex: estatura, peso) e também uma sequência de mudanças especificamente sexuais que culminarão na maturação dos órgãos sexuais, assim como na capacidade de resposta à estimulação sexual.

• Mudanças psicológicas

O adolescente adquire uma nova forma de pensamento que lhe permite formular hipóteses, raciocinar sobre elas e extrair as suas próprias conclusões. Estas novas possibilidades intelectuais também lhe permitem refletir sobre os seus próprios pensamentos, bem como orientar o seu afeto para determinadas ideias e valores.

O processo de formação da identidade pessoal e sexual é a tarefa mais importante do adolescente no que se refere à sua personalidade.

• Mudanças na capacidade de integração social

Nesta fase, os jovens desenvolvem a capacidade de integração com o grupo de iguais e a capacidade de integração no mundo dos adultos. Surgem também novas necessidades afetivas e sexuais que podem conduzir à dissolução do grupo, em favor da formação de casais.

Nesta fase, vai também surgir outra alteração importante: a especificação da orientação sexual.

• Manifestações anatómicas e fisiológicas

 

Nos rapazes:

Nos rapazes, as transformações começam por volta dos 9 aos 14 anos e são muito mais demoradas do que nas raparigas.

As principais características das mudanças são:

• Surgimento de pêlos nos púbis, nas axilas e no peito;

• Aumento dos testículos e do pénis;

• Crescimento da barba;

• Voz grossa;

• Ombros mais largos;

• Aumento da massa muscular;

• Início da produção de espermatozoides;

• Aumento do peso e da estatura

Nesta fase os rapazes têm as primeiras ejaculações, que geralmente ocorrem durante o sono (os chamados “sonhos molhados”).

 

Nas raparigas:

Nas raparigas inicia-se, em geral, entre os 8 e os 13 anos, variando este período de pessoa para pessoa. Em geral, a puberdade tem início com a primeira menstruação (menarca), que coincide com o surgimento de uma série de transformações do corpo, que já se vinham manifestando na fase conhecida como pré-puberdade.

As principais características são:

• Alargamento dos ossos da bacia (ancas);

• Início do ciclo menstrual (menarca);

• Surgimento de pêlos no púbis e nas axilas;

• Depósito de gordura nas nádegas, nos quadris e nas coxas;

• Desenvolvimento das mamas.

Surge a primeira menstruação (menarca), que pode aparecer inesperadamente ou chegar precedida de vários dias de dores abdominais e de cabeça.

 

.A sexualidade na vida adulta

Em comparação com a adolescência, na idade adulta a sexualidade é vivida mais tranquilamente. Porém, a sexualidade continua a ser é muito distinta de pessoa para pessoa, como consequência do grau de diversidade que implicam as suas formas de vida.

Na idade adulta, a maioria das pessoas encaram a sexualidade com normalidade. Isto advém de uma maior maturidade resultante de uma vida familiar tendencialmente mais estável ou por possuírem um/a companheiro/a fixo/a.

Levinson (1977, citado por López e Fuertes, 1999) refere que durante a primeira etapa da vida adulta dão-se mudanças significativas que correspondem a um período definido:

• Fim do período de crescimento fisiológico, alcançando uma certa estabilidade na figura corporal;

• Aquisição da maioridade legal;

• Fim do período de escolarização obrigatória;

• Entrada no mercado de trabalho com remuneração;

• Formação de pares sexuais ou acesso ao casamento;

• Nascimento de filhos.

 

.A sexualidade no envelhecimento

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a entrada numa idade adulta mais avançada não significa colocar a vida sexual de parte.

O envelhecimento é um processo indutivo de várias mudanças no indivíduo, nomeadamente ao nível físico, mental e social. Estas mudanças tendem a afetar a expressão da sexualidade, na medida em que se torna necessário para a pessoa “idosa” redefinir objetivos, isto é, reconhecer que está numa nova fase do ciclo vital e que, tal como as anteriores, está associada a determinados “acontecimentos padrão”, assim como de crises de desenvolvimento próprias da fase em questão.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) adotou o critério do intervalo de idades entre os 60 e os 65 anos para definir as pessoas idosas, o que, na maioria dos países desenvolvidos, corresponde ao início da idade da reforma, sendo que o fator cronológico assume aqui uma importância significativa. De facto, a componente biológica é fundamental no processo de envelhecimento, e tem uma dinâmica própria, sobre a qual o ser humano não tem qualquer influência ou poder de decisão.

Parece ser consensual e lógico que o sexo e a sexualidade fazem parte da vida da pessoa idosa, mesmo que haja uma redução da frequência e da intensidade. Se por um lado há diminuição de energia, força e vitalidade, por outro há tendencialmente um aumento do tempo disponível e diminuição de preocupações profissionais.

A sexualidade das pessoas idosas continua a ser um tema que dá origem a diversos mitos, que dominam as crenças da atualidade, pautadas pela ideia de que o homem e a mulher mais velhos são sexualmente pouco atraentes, e incapazes de se interessarem por sexo (Murphree e Neighbors, 2009). 

Na obra Sexuality, Sexual Health and Ageing, Merryn Gott (2005) faz referência a um mito designado “the asexual old age”, que corresponde a um estereótipo caracterizado por uma incompatibilidade entre Sexualidade e Envelhecimento, e segundo o qual as pessoas idosas não praticam sexo.

Além deste, é ainda possível fazer referência a outros mitos (Correia, 2003): 

• O coito e a emissão de sémen são debilitantes e provocam o envelhecimento e a morte.

• A vida pode ser prolongada pela abstinência na juventude e pela inatividade mais tarde. 

• A masturbação é uma atividade infantil que deve ser posta de parte quando se atinge a idade adulta. Só é praticada por pessoas idosas se estas estiverem seriamente perturbadas.

• A satisfação na relação sexual diminui consideravelmente depois da menopausa.

• Os homens idosos são particularmente vulneráveis a desvios sexuais, tais como o exibicionismo e as parafilias.

• As mulheres idosas que continuam a apreciar o sexo foram provavelmente ninfomaníacas quando jovens.

• A maioria dos homens idosos perde o desejo e a capacidade para ter relações sexuais.

• As pessoas idosas com doenças crónicas ou deficiências físicas devem cessar completamente a sua atividade sexual.

• A capacidade de execução sexual mantém-se sempre igual ao longo da vida.

• As pessoas idosas que estão vários anos sem ter relações sexuais não mais poderão vir a tê-las no futuro.

O processo de envelhecimento implica várias alterações ao nível dos determinantes biológicos, que englobam os fatores genéticos, neurológicos, hormonais, anatómicos e fisiológicos, que poderão exercer alguma influência na vivência do amor e da sexualidade. Tal não significa que determinam a sua cessação, podendo antes exigir alguma adaptação.

No caso dos homens, os autores (López e Fuertes, 1999) fazem referência às seguintes alterações biofisiológicas:  

• Diminuição da produção de esperma, que se inicia por volta dos 40 anos, mas sem total desaparecimento; 

• A ereção é mais lenta e necessita de uma maior estimulação, sendo também menos firme; 

• Menor quantidade de sémen emitido, havendo uma menor necessidade de ejacular e sensações orgásticas menos intensas; 

• Os testículos elevam-se menos e mais lentamente; 

• Reduz-se a tensão muscular durante a relação e aparece um outro conjunto de alterações fisiológicas que acompanham a resposta sexual; 

• O período refratário alarga-se, ou seja, o tempo entre uma ejaculação e a seguinte prolonga-se. 

Em suma, verifica-se uma perda nítida de vigor fisiológico nos comportamentos sexuais coitais. 

Relativamente às mulheres, surgem as seguintes alterações biofisiológicas: (López e Fuertes, 1999) 

• Diminui o tamanho da vagina, que também se torna mais estreita e perde elasticidade (estas alterações na vagina podem tornar o coito doloroso se não se aplicam cremes adequados); porém, a resposta clitoridiana não sofre alterações importantes;

• Os seios diminuem de tamanho e perdem firmeza; 

• A lubrificação vaginal diminui em quantidade e é mais lenta; 

• A distribuição de gordura deixa de ser “tipicamente feminina” e dão-se alterações importantes na figura corporal;

• As alterações fisiológicas que acompanham a resposta sexual diminuem significativamente: os seios quase não aumentam de tamanho; produz-se uma menor vasocongestão dos órgãos genitais, embora continuem a ser uma zona erógena privilegiada; diminui a intensidade e a frequência das contrações; 

No caso das mulheres, as alterações referidas estão associadas a uma diminuição da produção de estrogéneo após a menopausa (Amaro, 2006).

É possível ainda referir outros fatores psicossociais que condicionam a atividade sexual das pessoas idosas (Lópes e Fuertes, 1999): 

• Normalmente as relações rotineiras, insatisfatórias ou conflituosas diminuem o desejo sexual, o grau de excitação e, progressivamente, as próprias capacidades sexuais; 

• As dificuldades económicas ou sociais levam à diminuição do interesse e das capacidades sexuais, nomeadamente pela situação de tensão e sensação de marginalização que provocam; 

• Condições físicas inadequadas, como sejam obesidade, falta de higiene, fadiga física ou mental, diminuem o desejo, as próprias capacidades e as possibilidades de se tornarem atrativos para os outros; 

• O medo de não ser capaz de ter relações sexuais coitais ou de proporcionar prazer ao parceiro limita a capacidade sexual, devido à ansiedade e insegurança que provoca; 

• A atitude dos filhos e da sociedade em geral, habitualmente muito crítica face à ideia de que os seus pais possam interessar-se por sexo, leva a que muitas pessoas idosas se culpabilizem e fiquem assim limitadas na sua atividade sexual.

Não obstante estes fatores, López e Fuertes (1999) consideram que existem outros fatores que podem contribuir de forma positiva, permitindo às pessoas mais velhas desfrutar de experiências gratificantes do ponto de vista das relações sexuais, e também do ponto de vista dos afetos.

É importante voltar a salientar que estas alterações não ocorrem nem na mesma altura nem da mesma forma em todas as pessoas. Cada indivíduo tem o seu próprio ritmo e, para alguns, estas mudanças não chegam a ser muito pronunciadas. 

Também o modo como cada pessoa vive estas alterações é diferente. Algumas encaram-nas como naturais, enquanto outras ficam alarmadas e preocupadas, pensando que vão deixar de poder ter relações sexuais.

Para melhor lidar com o impacto destas alterações, a pessoa em questão pode falar com um/a técnico/a de saúde (médico/a de família, por exemplo; ou ginecologista, para as mulheres; ou urologista, para os homens) ou sexólogo/a, a fim de obter ajuda para ultrapassar eventuais dificuldades sexuais que possam surgir nesta fase.

 

 

3.3. Resposta sexual

O prazer e a satisfação sexual estão diretamente relacionados com as fases do ciclo de resposta sexual humana, constituída por um conjunto de alterações somáticas e psicológicas que são desencadeadas perante uma determinada estimulação.

Habitualmente, aceita-se o facto de que a resposta sexual constitui um processo que segue uma sequência previsível de alterações fisiológicas, independentemente de qual seja a prática sexual (ex. relações coitais, masturbação), ainda que estas fases nem sempre se distingam claramente uma das outras e que possam diferir não só entre indivíduos como também num mesmo indivíduo.

Embora homens e mulheres passem pelas mesmas fases, existem especificidades em cada uma delas, nomeadamente, em termos de duração e intensidade no encontro sexual.

Havenlock Ellis (1897) foi o primeiro autor a tentar uma descrição das fases do ciclo de resposta sexual, baseando-se no aspeto fisiológico do relacionamento sexual que, de acordo com o autor, tem duas etapas: a tumescência (caraterizada pela vasocongestão dos órgãos genitais) e a detumescência (descarga da energia acumulada e a descongestão que ocorre após o orgasmo). 

Posteriormente, diversos autores tentaram descrever o processo de resposta sexual nos seres humanos, nomeadamente William Masters e Virginia Johnson (1966) que, pela primeira vez, procederam à observação de homens e mulheres no decurso de interações sexuais e que registaram as alterações que ocorriam nos seus corpos durante as mesmas.   

Estes estudos levaram Masters e Johnson a descrever quatro fases da resposta sexual: excitação, planalto (ou plateau), orgasmo e resolução. 

Mais tarde, na década de 70, Helen Kaplan sugere um modelo trifásico da resposta sexual o qual é composto pelas fases do desejo, da excitação e do orgasmo. Para esta autora, o desejo é definido como “um conjunto de sensações produzidas pela ativação de um sistema neuronal específico que, quando ativado, induz sensibilidade genital, um acrescido interesse em sexo, recetividade a atividade sexual ou, simplesmente, agitação, que irão desaparecer após gratificação sexual (orgasmo).” (Kaplan,1979) 

Ao salientar a fase do desejo, Kaplan contribuiu para que a categoria diagnóstica Desejo Sexual Inibido fosse introduzida como categoria independente no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-III, American Psychiatric Association, 1980).

Posteriormente, Basson (2004) cria um modelo circular, uma tentativa de colmatar a linearidade progressiva dos modelos de Masters & Johnson e de Kaplan, de cariz essencialmente unisexual, e também devido à necessidade de perceber a psicofisiologia sexual feminina.

Considerando-se uma visão mais abrangente da sexualidade e, em particular, do desejo sexual, Rosen e Leiblum (1988) propõem um modelo no qual o desejo é conceptualizado a partir de uma perspetiva sociocultural, pelo que a expressão deste deverá corresponder aos padrões vigentes (scripts) da sociedade na qual o sujeito está inserido.

3.3.1. Fases do ciclo da resposta sexual humana

O prazer e a satisfação sexual estão diretamente relacionados com as fases do ciclo de resposta sexual humana, constituída por um conjunto de alterações somáticas e psicológicas que são desencadeadas perante uma determinada estimulação.

Habitualmente, aceita-se o facto de que a resposta sexual constitui um processo que segue uma sequência previsível de alterações fisiológicas, independentemente de qual seja a prática sexual (ex. relações coitais, masturbação), ainda que estas fases nem sempre se distingam claramente uma das outras e que possam diferir não só entre indivíduos como também num mesmo indivíduo.

Embora homens e mulheres passem pelas mesmas fases, existem especificidades em cada uma delas, nomeadamente, em termos de duração e intensidade no encontro sexual.

Havenlock Ellis (1897) foi o primeiro autor a tentar uma descrição das fases do ciclo de resposta sexual, baseando-se no aspeto fisiológico do relacionamento sexual que, de acordo com o autor, tem duas etapas: a tumescência (caraterizada pela vasocongestão dos órgãos genitais) e a detumescência (descarga da energia acumulada e a descongestão que ocorre após o orgasmo). 

Posteriormente, diversos autores tentaram descrever o processo de resposta sexual nos seres humanos, nomeadamente William Masters e Virginia Johnson (1966) que, pela primeira vez, procederam à observação de homens e mulheres no decurso de interações sexuais e que registaram as alterações que ocorriam nos seus corpos durante as mesmas.   

Estes estudos levaram Masters e Johnson a descrever quatro fases da resposta sexual: excitação, planalto (ou plateau), orgasmo e resolução. 

Mais tarde, na década de 70, Helen Kaplan sugere um modelo trifásico da resposta sexual o qual é composto pelas fases do desejo, da excitação e do orgasmo. Para esta autora, o desejo é definido como “um conjunto de sensações produzidas pela ativação de um sistema neuronal específico que, quando ativado, induz sensibilidade genital, um acrescido interesse em sexo, recetividade a atividade sexual ou, simplesmente, agitação, que irão desaparecer após gratificação sexual (orgasmo).” (Kaplan,1979) 

Ao salientar a fase do desejo, Kaplan contribuiu para que a categoria diagnóstica Desejo Sexual Inibido fosse introduzida como categoria independente no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-III, American Psychiatric Association, 1980).

Posteriormente, Basson (2004) cria um modelo circular, uma tentativa de colmatar a linearidade progressiva dos modelos de Masters & Johnson e de Kaplan, de cariz essencialmente unisexual, e também devido à necessidade de perceber a psicofisiologia sexual feminina.

Considerando-se uma visão mais abrangente da sexualidade e, em particular, do desejo sexual, Rosen e Leiblum (1988) propõem um modelo no qual o desejo é conceptualizado a partir de uma perspetiva sociocultural, pelo que a expressão deste deverá corresponder aos padrões vigentes (scripts) da sociedade na qual o sujeito está inserido.

3.3.2. O desejo, a excitação e o orgasmo

.Fase do Desejo

O desejo sexual carateriza uma das fases de resposta sexual usualmente associada a um estado psicológico ou subjetivo responsável pela motivação face a comportamentos de índole sexual.  

Kaplan (1979, citado por López e Fuertes, 1999) refere que o desejo sexual é um estímulo ou impulso produzido pela ativação de um sistema neuronal específico no cérebro.

O desejo sexual é “uma energia psicobiológica que antecede e acompanha a resposta da excitação sexual e tende a produzir comportamentos sexuais" (Leveni, 1988).

Habitualmente, o desejo é provocado por estímulos sensoriais, como sejam ver alguém que nos atrai, ouvir a voz dessa pessoa ou sentir o seu cheiro. O desejo provoca alterações psicológicas e também fisiológicas. 

O desejo sexual é constituído por três componentes: impulso sexual, motivação sexual e vontade sexual.

O impulso sexual é moderado pela resposta neuroendócrina caraterizada, sobretudo, pelo papel que a testosterona desempenha na sua ativação, resultando uma resposta de excitação fisiológica pautada pela tumescência peniana ou lubrificação vaginal, fantasias eróticas, procura de atividade sexual e perceção dirigida a atributos sexuais atrativos para o indivíduo, manifestando-se num interesse sexual endógeno e espontâneo. 

Ao nível fisiológico, o impulso sexual é experimentado como uma tensão psicossomática que necessita de ser descarregada, enquanto ao nível psicológico essa tensão pode ou não ser experimentada como sexual.

Por outro lado, a motivação sexual implica uma componente psicológica mediada pelo estado mental do indivíduo (ex. presença de afeto positivo ou negativo) ou a qualidade da relação (conjugal ou não), sobressaindo, neste caso, fatores relacionados com a demonstração de afeto e consenso interpessoais. 

A vontade sexual refere-se à componente contextual regrada pelas normas e valores culturais, e as quais o sujeito professa (assumindo assim um caráter mais exteriorizado relativamente à motivação sexual).

 

.Fase da Excitação

Como consequência da estimulação sexual (física, psíquica ou ambas) desencadeia-se a excitação sexual, evidenciada fisiologicamente pela vasocongestão que se produz, nomeadamente na área genital (López e Fuertes, 1999).

A vasocongestão leva a uma acumulação do sangue nos vasos sanguíneos dos órgãos genitais, a qual provoca alterações diferentes no homem e na mulher.

À medida que a estimulação sexual aumenta, aumenta também a excitação e surgem outras respostas físicas, tais como: 

• Aumento progressivo da tensão muscular;

• Aumento do ritmo cardíaco;

• Pressão sanguíneo; 

• Ereção dos mamilos.

 

Nas mulheres:

O primeiro sinal de excitação sexual provocado pela vasocongestão das paredes vaginais é o surgimento de um transudado que humedece a parte interna da vagina, designando-se por lubrificação vaginal. No conjunto, a vasocongestão das paredes vaginais na zona genital desencadeada pela excitação sexual é responsável por alterações fisiológicas nas mulheres:

• Lubrificação vaginal - transudado que humedece a parte interna da vagina, necessária para a penetração, assim como para os movimentos do pénis no interior da vagina, a fim de não causarem desconforto ou dor. 

• Os grandes lábios separam-se da sua linha média, elevando-se e tornando-se ligeiramente mais planos, o que permite que a entrada da vagina fique livre.

• Os pequenos lábios engrossam.

• O clítoris aumenta de tamanho.

• O útero é empurrado ligeiramente para cima.

• Há um entumescimento e um ligeiro aumento do tamanho geral das mamas.

À medida que a excitação sexual atinge os seus níveis mais elevados, a vasocongestão aumenta, e produz-se um aumento de volume do terço externo da vagina, fenómeno este que se designa por formação da plataforma orgástica.

  

Nos homens:

O primeiro sinal da excitação sexual é a ereção do pénis que resulta de um maior e mais rápido de afluxo de sangue que chega aos espaços livres dos corpos cavernosos e esponjosos provocando a tumescência do pénis. À medida que a estimulação aumenta, o homem sente-se mais excitado, respira de um modo ofegante e pode sentir-se tenso e transpirado. 

Para além da ereção peniana, verifica-se:

• A pele das bolsas escrotais alisa-se.

• Os testículos começam a elevar-se e aumentar ligeiramente de tamanho.

• Em níveis elevados de excitação sexual, produz-se um ligeiro aumento da glande e um maior aumento dos testículos.

Nos momentos de maior excitação sexual podem surgir pequenas gotas de fluido (liquido pré-ejaculatório) segregado pelas glândulas de Cowper que saem para o exterior, que frequentemente transportam espermatozoides vivos. Daí que a prática do coito interrompido seja um método contracetivo pouco eficaz na prevenção de uma gravidez, assim como do contágio das infeções sexualmente transmissíveis.

 

.Fase do Orgasmo

O orgasmo é uma sensação intensa de prazer que é acompanhada de uma série de reações fisiológicas e que ocorre, normalmente, como o culminar de uma experiência sexual (ex. relação sexual, masturbação, fantasias sexuais).

Ainda que em linguagem corrente clímax e orgasmo sejam considerados como sinónimos, na realidade existe diferença. O clímax é apenas uma parte do orgasmo que, por sua vez, é caraterizado por diversas outras reações fisiológicas e psicológicas de prazer. Ou seja, o clímax limita-se às sensações de descarga genital e é localizado apenas na zona pélvica, enquanto o orgasmo é uma reação que se alastra a todo o corpo e que provoca contrações musculares e sensações de prazer em todo o corpo.

Do ponto de vista fisiológico, durante o orgasmo, dá-se um aumento do ritmo da respiração e dos batimentos cardíacos e ocorrem contrações rítmicas dos músculos da zona pélvica. 

No homem, o pénis aumenta ainda um pouco mais de tamanho devido à intensificação do fluxo sanguíneo, enquanto a próstata, as vesículas seminais e a parte superior dos vasos deferentes se contraem de forma a provocar a ejaculação, ou seja, a emissão de esperma.

Na maioria das vezes, o orgasmo e a ejaculação ocorrerem em simultâneo, mas são acontecimentos distintos. Por exemplo, o homem pode atingir o orgasmo e não ejacular. 

Durante esta fase, na mulher ocorrem alterações fisiológicas como um conjunto de contrações rítmicas dos músculos que rodeiam a vagina, a plataforma orgástica e o útero. 

Algumas mulheres também podem ser multiorgásticas, isto é, podem sentir vários orgasmos sucessivos sem que diminua o seu nível de excitação sexual. Todavia, esta capacidade é muito variável e um grande número de mulheres nunca obteve orgasmos múltiplos.

É a fase mais curta, mas também é a mais intensa de todas as fases do ciclo de resposta sexual.

Naturalmente, que o orgasmo é muito mais do que apenas uma reação fisiológica e corporal. Proporciona sensações de prazer, sensações estas que são vividas pelas diferentes pessoas de diferentes formas.

 

.Fase de resolução

Durante esta fase, todas as alterações ocorridas na fase de excitação iniciam um processo de inversão, recuperando o seu estado de repouso anterior à excitação. 

Nos homens, ocorre a diminuição progressiva da ereção, até ao ponto em que o pénis atinge o estado de repouso complexo (estado de flacidez). Os testículos, que durante a fase de excitação e orgasmo se retraíram, vão também regressar ao seu estado original. No homem, ocorre o período que Masters e Johnson designaram como período refratário. 

Na mulher, a tumescência do clítoris, lábios vaginais e vagina começa a desaparecer logo após o orgasmo, mas demora algum tempo até ficar completa.

Na mulher, o potencial orgásmico não está limitado por um período refratário, como no homem, ou seja, se uma mulher for submetida a novas carícias, novos estímulos, ela poderá estar em condições físicas de ter novamente um orgasmo.

Quer no homem quer na mulher, repõem-se os níveis habituais de respiração, batimento cardíaco e contração muscular que se alteraram durantes as fases anteriores do ciclo de resposta sexual.

A qualidade da vida sexual de mulheres e homens está relacionada com a forma como o seu corpo responde a estímulos. Contudo, os fatores que intervêm na resposta são vários e estão muito interligados, sendo determinantes para perceber as causas das disfunções e dificuldades sexuais femininas e masculinas.

 

 

3.3.3. Dificuldades e disfunções sexuais femininas e masculinas

“A saúde sexual é um estado de completo bem-estar físico, emocional, mental associado à sexualidade e não só à ausência de doença ou enfermidade” (OMS, Organização Mundial de Saúde).

 

A pessoa pode apresentar alterações ou perturbações no seu ciclo de resposta sexual surgindo as dificuldades ou disfunções sexuais que impedem a vivência de uma vida sexual satisfatória e gratificante. 

As causas que podem estar na origem ou contribuir para estas dificuldades, podem ser orgânicas, psicológicas ou mistas. Problemas de saúde físicos e psicológicos, uso de medicamentos, tabagismo, problemas afetivos ou de natureza relacional, falta de experiência sexual e de conhecimento do corpo, traumas sexuais, assim como fatores socio económicos e profissionais, podem refletir-se de forma negativa na resposta sexual. 

As disfunções sexuais podem ser desencadeadas por causas orgânicas e, muitas vezes agravadas pela sua repercussão emocional. 

Uma disfunção pode ser primária, se coincide com o início da atividade sexual e secundária se foi adquirida ao longo do tempo. Pode ser generalizada, se está presente em qualquer circunstância, ou situacional, se está presente apenas em determinadas circunstâncias.

Uma consulta junto de um terapeuta especializado é uma forma eficaz de desbloquear medos e ansiedades, permitindo a construção de atitudes positivas em relação ao sexo. A educação e informação sobre a resposta sexual humana, são também muito importantes e eficazes na resolução ou diminuição do impacto que algumas dificuldades sexuais têm na pessoa. Em alguns casos, as abordagens terapêuticas poderão incluir a sugestão de determinados exercícios e técnicas específicas.

 

.Disfunções sexuais femininas

 Desejo sexual hipoativo

Consiste na diminuição ou ausência total de desejo sexual. A mulher não manifesta interesse por atividades sexuais ou eróticas preliminares e não sente desejo de iniciar a atividade sexual, podendo ocorrer o evitamento do contacto físico íntimo. 

Alterações hormonais, doenças endocrinológicas, toma de determinados medicamentos ou fatores psicológicos tais como depressão ou perturbações da ansiedade, podem contribuir para a diminuição do desejo sexual.

• Aversão sexual

Consiste na aversão do contacto sexual com consequente evitamento de todo ou quase todo o contacto sexual genital.

Atitudes negativas face ao sexo, educação sexual repressiva, historial de violência/abuso, dispareunia, são alguns dos fatores que podem contribuir para esta dificuldade.

• Perturbação da excitação sexual

Consiste na dificuldade em adquirir ou manter um estado de excitação sexual adequada até a consumação da atividade sexual, frequentemente expressa pela ausência ou diminuição da lubrificação vaginal.

Alterações endocrinológicas, por exemplo na amamentação e menopausa, podem conduzir a diminuição de lubrificação vaginal, assim como algumas doenças crónicas como a diabetes, doenças da tiróide, toma de determinados medicamentos ou tabagismo.

Fatores psicológicos como ansiedade, stresse e depressão, assim como fatores de ordem relacional como a falta de estimulação adequada do/a parceiro/a e deficiente comunicação, são alguns dos fatores que também podem contribuir para esta dificuldade.

• Perturbação do orgasmo

A perturbação do orgasmo consiste na dificuldade ou incapacidade persistente ou recorrente de atingir o orgasmo, após uma fase normal de excitação sexual. 

Algumas doenças neurológicas, alterações hormonais, uso de determinados fármacos, álcool e consumo de algumas drogas, a idade (jovem) e atitudes negativas em relação à atividade sexual, são alguns dos fatores que podem influenciar negativamente a fase orgástica.

• Dispareunia

Dor persistente na zona genital ou pélvica durante as relações sexuais. Embora a dor seja experimentada com maior frequência durante o coito, também pode ocorrer antes ou após a relação sexual.

Determinados problemas orgânicos como inflamações ginecológicas, fatores relacionais, conflitos psicossexuais, são algumas das causas podem contribuir para que a mulher sinta dor na relação sexual. 

• Vaginismo

Dificuldade da mulher em tolerar a penetração, devido à contração involuntária, recorrente ou persistente, dos músculos do períneo adjacentes ao terço inferior da vagina. 

Podem estar na origem do vaginismo fatores orgânicos ou fatores psicológicos e emocionais que incluem:

• Falta de informação e crenças erradas ou negativas sobre a sexualidade (culpa, educação conservadora)

• Inexperiência que pode conduzir a medos ou bloqueios e a uma resposta condicionada

• Experiências prévias com dor.

• Traumas

 

.Disfunções sexuais masculinas

Muitos homens sentem-se ainda muito retraídos na procura de ajuda médica relativamente a problemas de carácter sexual e reprodutivo que possam ter. Mas, quanto mais cedo assumirem que podem precisar de apoio e aconselhamento médico, mais qualidade de vida ganham. É importante partilhar para não sofrer. Muitas das disfunções são facilmente tratáveis.

As disfunções sexuais masculinas mais comuns são:

• Perturbação de desejo sexual hipoactivo

 “Ausência ou deficiência persistente ou recorrente de fantasias e desejo de atividade sexual” (Fonte: DSM IV)

Causas psicológicas:

• Pode estar associada a outras disfunções sexuais no homem ou na parceira

• Distanciamento emocional e conflitos no casal também foram associados a esta disfunção, embora seja difícil perceber se é a causa ou a consequência desta disfunção

• Doenças psiquiátricas (depressão e perturbações de ansiedade)

• Acontecimentos de vida, luto e outras perdas

Causas orgânicas:

• Efeitos gerais de uma doença física

• Doenças físicas específicas: Doença hepática, Tumores pituitários secretores de prolactina, Deficiência de testosterona (rara, embora seja frequente na prática clínica os doentes associarem a sua diminuição do desejo à diminuição de testosterona, sendo mais dificil reconhecer causas mais prováveis como a perda de atracção pela parceira)

• Latrogenia : Antihipertensores, antidepressivos, antipsicóticos, anticonvulsivantes

• Disfunção eréctil

A idade é um fator que se relaciona com o aparecimento de disfunção eréctil. Enquanto os indivíduos mais jovens têm mais probabilidade de desenvolver disfunção eréctil de causa psicológica, os homens com mais idade desenvolvem habitualmente disfunção eréctil de causa orgânica, devido a uma maior comorbilidade com diversos fatores de risco.

A disfunção eréctil ou impotência sexual é a incapacidade persistente ou recorrente para atingir ou manter uma ereção adequada até completar a atividade sexual, provocando acentuado mal-estar ou dificuldade interpessoal.

A disfunção eréctil pode dever-se a várias causas, nomeadamente orgânicas, psicológicas ou mistas.

Para a resolução da disfunção eréctil é fundamental não só a ida a um especialista, para se chegar a um diagnóstico adequado, como o diálogo aberto com a(o) parceira(o).

As causas da disfunção erétil podem ser muito variadas:

• Doenças vasculares (arteriosclerose, problemas cardíacos, hipertensão, etc.)

• Problemas neurológicos (lesões nervosas, esclerose múltipla, doenças degenerativas, etc.)

• Diabetes

• Problemas hormonais (redução na produção de hormonas)

• Uso de determinados medicamentos

• Problemas psicológicos 

• Stresse

• Depressão

• Ansiedade de execução

• Medo do fracasso

• Baixa auto estima

• Insatisfação / Conflito conjugal

• Informação deficiente/mitos sobre a sexualidade

Uma vez que as causas da disfunção erétil são de natureza diversa, os tratamentos podem envolver o aconselhamento sexual, uma terapêutica medicamentosa e em alguns casos a cirurgia. Antes de qualquer decisão, o profissional de saúde poderá começar por dar alguns conselhos que podem ser benéficos para a saúde sexual do homem, nomeadamente a prática de exercício físico, alimentação cuidada, redução do consumo do álcool ou tabaco, bem como um maior tempo de descanso.

• Disfunções ejaculatórias

o Ejaculação prematura, precoce ou rápida

Dificuldade em controlar a ejaculação, que em alguns casos pode ocorrer antes, no momento da penetração ou logo após a penetração, limitando a satisfação sexual. É uma das disfunções sexuais mais comuns, sobretudo entre os mais jovens, no entanto, muitas a vergonha face a esta dificuldade, não permite que muitos homens procurem tratamento.

 

As causas são sobretudo psicológicas, relacionadas com ansiedade e stresse, mas podem estar envolvidas causas biológicas. Pode também estar associada a consumo de álcool ou drogas. O seu tratamento poderá incluir a terapia sexual, psicoterapia e medicação.

• Anejaculação

Ausência completa de ejaculado estando conservada a sensação de orgasmo. Deve-se à inexistência de fase de emissão, havendo fase de expulsão.

Etiologia:

Principais Causas psicológicas:

• Receio de provocar uma gravidez

• Ejaculações fora do coito sob a forma de poluções noturnas, ao acordar ou no decorrer da masturbação

Principais Causas orgânicas:

• Esclerose múltipla

• Mielite transversa

• Lesões vertebro-medulares

• Latrogenia medicamentosa e cirúrgica

o Ejaculação retrógrada

Ausência total ou parcial de emissão de ejaculado, devido ao insuficiente encerramento do esfíncter uretral interno. O esperma passa da uretra posterior para o interior da bexiga permanecendo a sensação de orgasmo.

Etiologia:

As causas poderão ser de ordem psicológica, neurológica e medicamentosa.

 Ejaculação asténica

Também chamada de ejaculação babante ou incompetência parcial ejaculatória (Kaplan, 1988), consite na diminuição ou ausência de contrações musculares que projetam o esperma (ejaculação sem força).

Etiologia:

• Ocorre em homens com lesões medulares abaixo da L1, como os paraplégicos e para parésicos em que só permanece ativo o centro secretor medular.

• Causa urológica obstrutiva: HBP, Estenoses uretrais, Hipotonias do esfíncter externo

 

o Ejaculação retardada

Também chamada de incompetência ejaculatória (Masters & Johnson, 1970), deve-se ao atraso ou inibição específica dos mecanismos de ejaculação. É involuntariamente uma ejaculação muito tardia.

Relativamente pouco frequente e a prevalência não ultrapassa os 5%

• Inibição do orgasmo masculino

Dificuldade persistente ou incapacidade de atingir o orgasmo apesar da presença de desejo, de excitação e estimulação. O homem não é capaz de ejacular com a sua parceira, sendo capaz de ejacular na masturbação ou durante o sono. Diferente da anejaculação porque nesta o homem consegue atingir o orgasmo.

Relativamente raro e provavelmente a disfunção que se encontra menos frequentemente na prática clínica.

Etiologia:

Causas orgânicas relacionadas com iatrogenia farmacológica:

• Anticolinérgicos

• Antiadrenérgicos

• Antihipertensores

• Psicofarmacos

Causas psicológicas:

• Estimulação desadequada

• Medo (gravidez, compromisso)

• Ansiedade de performance

• Trauma sexual prévio

• Hostilidade da parceira e problemas na relação conjugal

• Homossexualidade latente

• Dispareunia

Dor genital antes, durante ou após a relação sexual. Ocorre apenas em cerca de 1% nas amostras clínicas

Causas orgânicas:

• Infeção genital

• Prostatite

• Fimose

Causas psicológicas:

 

• Não existem resultados de estudos sobre o tratamento psicológico desta condição