Festival Internacional de Guitarra de Guimarães para TODOS
- Escrito por Sofia Pires
- Publicado em Cultura
A música como janela para a inclusão
Dando continuidade ao empenho de tornar o Festival Internacional de Guitarra de Guimarães (FIGG) acessível a TODOS, a organização do evento, com o apoio da Plural&Singular, avança com um projeto-piloto do Places4all para descrever a acessibilidade às duas performances musicais que se realizam na sala de concertos do Paço dos Duques de Bragança.
Já na primeira edição este festival apostou na disponibilização de programas em Braille e no apoio à deslocação de pessoas com deficiência, mas agora quer dar mais um passo rumo à inclusão e o Places4all aceitou o desafio de dar um ‘empurrão’ nesse sentido.
De acordo com o guitarrista Nuno Cachada, diretor artístico do II FIGG 2015 e docente na Academia Valentim Moreira de Sá, da Sociedade Musical de Guimarães, “a inclusão e a procura de condições para o público com deficiência neste Festival é uma preocupação desde a primeira edição”.
“Embora seja difícil criar um evento 100% inclusivo, acredito que de edição para edição este festival fique cada vez melhor em termos de acessibilidade física e comunicacional”, refere Nuno Cachada.
As pessoas com desafios de mobilidade que queiram assistir ao concerto do guitarrista português Pedro Rodrigues a 26 de dezembro e do alemão Hubert Kaeppel a 27, contam com a descrição das condições de acessibilidade existentes no site www.places4all.com.
O fundador do Places4All, Hugo Vilela, considera que “tendo em conta o valor patrimonial do local, o evento terá boas condições de acessibilidade”.
“O nosso trabalho é fazer o diagnóstico das condições existentes para verificar que medidas já estão implementadas e as que faltam implementar para melhorar a acessibilidade. E, apesar de existirem intervenções complexas, muitas das vezes é mais simples do que se imagina tornar um espaço inclusivo”, afirma Hugo Vilela.
Esta iniciativa é o ponto de partida da parceria que o Places4all e a Plural&Singular decidiram criar para integrar serviços de comunicação jornalística no processo de classificação da acessibilidade dos espaços.
Porque existem lugares para todos e eles merecem ser dados a conhecer, todos os proprietários de espaços abertos ao público terão oportunidade de dar visibilidade aos esforços feitos na promoção da igualdade de oportunidades no acesso aos espaços físicos a todas as pessoas. Aos clientes do Places4all é garantida a divulgação dos espaços acessíveis pela Plural&Singular com o intuito de mostrar aos leitores deste órgão de comunicação os esforços em apresentarem lugares de referência em acessibilidade.
Mais sobre o Festival Internacional de Guitarra de Guimarães
O II FIGG 2015 decorre de 26 a 29 de dezembro em vários espaços emblemáticos da cidade berço incluindo uma apresentação em pleno centro histórico.
Promovido pela Sociedade Musical de Guimarães, em parceria com a Câmara Municipal de Guimarães e sob direção artística do guitarrista Nuno Cachada, a segunda edição deste Festival além de música e da aposta na formação também inclui a vertente da investigação com o intuito de captar um público mais alargado.
A grande novidade desta edição é, precisamente, a realização de um ciclo de conferências, tutelado pelo Centro de Estudos e de Investigação Musical (CEIM) da Sociedade Musical de Guimarães, em parceria com o Departamento de Neurociências da Universidade do Minho que, em duas conferências, explorará o tema “A música como janela para o cérebro”.
Portugal, Espanha, Uruguai e Alemanha são alguns dos países representados nas quatro rubricas do FIGG 2015 que, ao longo de quatro dias, vão aproximar professores e alunos de guitarra das escolas de música dos ensinos básico, secundário e superior e proporcionar o acesso ao público interessado na música de guitarra.
Ao II Concurso Internacional de Guitarra “Cidade de Guimarães”, integrado no II FIGG 2015 e que reúne um júri nacional e internacional composto por 11 guitarristas, espera-se que concorram cerca de uma centena de participantes.
No total, estima-se uma participação aproximada de 130 guitarristas nas várias rúbricas que compõem o festival.
Mais sobre a Places4all
Avaliar, classificar e dar informação sobre condições de acesso em espaços físicos, bem como eventos, é o desafio do Places4All, um projeto que surge da convicção de que a acessibilidade deve ser um “requisito e não uma adaptação”.
O Places4all pretende divulgar os espaços que garantam um maior grau de autonomia ao maior número de pessoas possível, promovendo a igualdade de oportunidades na mobilidade e escolha a todas as pessoas com necessidades especiais, especialmente pessoas com desafios de mobilidade, visuais, auditivos e cognitivos.
Este Sistema de Classificação de Acessibilidade faz uma avaliação rápida e detalhada do ambiente físico, sensorial e social em seis dimensões do lugar (estacionamento, percurso exterior, entrada, percurso interior, bens e serviços e WC) e que garantem o conforto, autonomia e segurança ao utilizador.
Os critérios de classificação dos espaços têm por base a legislação em vigor, mas somam-se outros indicadores, desde logo práticas de acessibilidade na ótica do utilizador, por exemplo a existência ou não de informação em Braille ou questões ligadas ao atendimento como a Língua Gestual Portuguesa (LGP).
“As normas são um bom princípio à acessibilidade física, mas não são suficientes porque faltam questões como atendimento, imagem, som, contraste de cores. No fundo o ambiente que o lugar oferece. Se é ou não acessível a todos”, explica o fundador do Places4All.
Em primeiro lugar é preenchida uma ‘check list’ pré-definida em que a avaliação resulta de uma pontuação de 0 a 100% em cada uma das áreas e são atribuídas estrelas (de um a três) em função do cumprimento de critérios de acessibilidade.
Segue-se a emissão de um relatório com sugestões de melhoria e a atribuição de uma “nota” que se converte num dístico.
Podem aderir todos os proprietários de espaços abertos ao público (alojamento, comércio, cultura e lazer, eventos, restauração, saúde e serviços) ou empresas que queiram diferenciar-se na sua cidade ou região através das boas práticas relativamente às condições de acessibilidade existentes.
“Partimos do princípio de que a acessibilidade deve ser um requisito como é a eletricidade, estética do edifício ou a higiene e segurança alimentar. Se os espaços já se preocupam com acessos, então vamos encontrá-los e incentivar a melhorar cada vez mais”, descreve o fundador do Places4All Hugo Vilela, presidente da Associação IMMENSA que é responsável pelo projeto.