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updated 6:28 PM UTC, Nov 11, 2024
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ESTEJA ATENTO: a Plural&Singular faz 10 anos e vai lançar a 28.ª edição da revista digital semestral que dá voz às questões da deficiência e inclusão

Anne Caroline Soares (Tetraplegia)

Em pleno ano de 2015, estamos todos aqui a falar de sexualidade e afetos na deficiência. Para mim, isso já não seria necessário, porque deveria ser algo cotidiano, rotineiro. Mas ainda se faz necessário, infelizmente. E apesar de hoje em dia, o sexo entre os ditos normais, parecer eestar longe de preconceitos, não está. Em muitas famílias, este tema ainda é complicado abordar, o que torna-se urgente descomplicar. Afinal, a família só está ali, porque houve sexo. Na deficiência, isso agrava-se.

 E precisamos com urgência, desmitificar isso. Falar de sexo com naturalidade. Claro, que como em tudo na vida com algum Q.B. Quando me refiro a naturalidade, não é contar para vocês, que ontem fiz a posição x do Kamassutra com meu namorado, ficante, ou outra pessoa. Mas sim, falar que é possível. 

Qualquer ser, precisa de conviver, e aqui neste ponto refiro-me a afetos. No meu ver é a parte mais complicada. Sim, porque sexo , se pagarmos, o dinheiro permite isso. Mas o afeto não.

E sexo bom, é sexo com afeto. O outro preenche a parte fisiológica, mas não afeetiva.

O afeto de amigos e familiares, é outro item essencial na felicidade de qualquer pessoa. 

Criou-se um mito em torno da pessoa com deficiência, se dscubro quem começou com isso….vai conhecer o peso da minha cadeira motorizada rs, nós temos que acabar com essa história que não se faz sexo nem amor. Eu ponho me a pensar: De onde tiram essas ideias? A não ser que o rapaz tenha nascido sem o pênis, a menina sem a perereca…perguntas são desnecessárias. Um bom divã, uma boa divã…sabe o poder de uma língua, de uma mão no lugar certo, que sexo se redescobre, e quem quer faz, ora essa! Cá para mim, existe é muito andante sem um bom sexo. Porque como diz o ditado popular, para meio entendedor, meia palavra basta.

Tenho imensas amigas brasileiras tetraplégicas que namoram, outras casadas, mães, outras que já vão no segundo casamento. Refiro me as brasileiras, porque infelizmente, ainda não conheci nenhuma tetraplégica portuguesa a casar após acidente, ou doença. Já conheci sim casos, mas já se conheciam antes. Refiro me a tetras e não paraplégicas. Gostaria de conhcer.

Esses mitos são tudo bobagens de mentes muito criativas. Convido um andante a convidar aquele mulher sentada ali na cadeira, ou uma andante, garanto que se surpreenderá. Ao contrário, do que julga, vai se surpreender. Confesso que iria usar outro vocabulário, de repente, e a tempo, que estou numa palestra. Ufa!

O deficiente sente falta de sexo, mas o que muitos mais sentem é de um relacionamento. E claro, isso se completa. Mas o gostar, o se preocupar, tem um peso enorme. Que fique claro, que ninguém quer um cuidador ou cuidadora, todos querem companheiros. O cuidar, se este for preciso, faz parte de qualquer relacionamento de maneiras diferentes. O dialogo é importantíssimo. Há companheiros(as) de um deficiente dependente que os auxiliam, porque amar é cuidar sim. Quem ama, cuida. Muitas vezes, o trabalho, a vida, diversos fatores, até mesmo de saúde podem não permitir e os deficientes tem seus cuidadores. Cada casal, irá dialogar e encontrar as melhores soluções. 

Recordo me de um dia a apanhar sol e ler um livro, uma senhora me aborda, do nada diz..a senhora é linda, mas que pena, nunca vai casar. Meu sangue ferveu, e respondi-lhe, mas ele não vai casar com uma empregada, mas com uma mulher, e que mulher!! Eu acho que a senhora está um pouco gordinha, ah está com caspa, e meu Deus corra, que se ele chega e não encontra o jantar na mesa, tem briga na certa. 

Ah conheço um casal da internet e este posso divulgar nomes, porque teem um canal público no Youtube, ambos paraplégicos. Uns fofos, casal que se dá super bem, e deixam muitos a roer de inveja. O nome é Fes sobre rodas, sigam e se inspirem.

Vamos ser feliz pessoal?