PERFIL: David Grachat - O atleta que não vacila em cima do bloco!
- Escrito por Paula Fernandes Teixeira
- Publicado em Desporto
Falta uma semana para o início dos Jogos Paralímpicos. A Plural&Singular recorda o “Perfil” (rubrica que integra a nossa secção de Desporto da revista digital trimestral) publicado em setembro de 2014 sobre David Grachat, O atleta que não vacila em cima do bloco e que um dos cinco nadadores da comitiva lusa que parte em breve para Rio2016*
Tem o talento e a abnegação obrigatórias de um nadador de topo mas há algo que o distingue dos outros. Está entre os melhores a nível mundial, logo em posição privilegiada para os próximos Jogos Paralímpicos. Eis David Grachat… [peça com dados anteriores a setembro de 2014]
Texto: Paula Fernandes Teixeira
Fotos: Gentilmente cedidas
A “lição mais dura” da sua vida como atleta viveu-a em 2004 quando estava no pleno das suas capacidades como nadador, enquanto este ano, num momento em que passava por um período de incerteza, viveu o êxtase que descreve como “cereja no topo do bolo”
Parece contraditório… São as fintas da vida de um nadador que primeiro quis jogar futebol, mas descobriu nas braçadas a forma perfeita de rematar rumo ao topo.
“A natação deu-me tudo na vida. Quando entrei na natação não esperava conseguir tudo o que tenho conseguido”, disse David Grachat, à Plural&Singular.
Tem 27 anos. Nada há 25 por recomendação do médico devido ao facto de, a somar a uma mal formação congénita da mão esquerda, ter atrofia do tronco superior esquerdo. Daí que esperasse que “o corpo crescesse melhor e mais forte” mas nunca ser atleta de alta competição. Aliás, confessou, “gostava muito mais de futebol do que de natação”.
Com dez anos saiu da natação pura e foi para a natação adaptada. Começou a participar em provas a nível nacional. Ia quase por brincadeira, fazia-o por lazer… Nunca pensou que iria a uns Jogos Paralímpicos… E entretanto já foi a dois… Faltava aos treinos muitas vezes. “E não faltava mais porque os meus pais não deixavam”, contou. “Não levava a natação a sério”, reconheceu.
Até que… Em 2004 por pouco, muito pouco, não participou nos Jogos Paralímpicos. David Grachat fez os mínimos de acesso duas semanas depois do prazo limite. Portanto, sim, com mais empenho a participação em Atenas2004 teria sido possível.
“Foi uma lição muito dura” – foi exatamente com estas palavras, mas sem estarem juntos, que tanto Grachat como o seu treinador, Carlos Mota, descreveram o momento vivido em 2004.
“Às vezes não basta termos talento. O talento ajuda imenso mas é preciso trabalhar muito. Temos muito o hábito de deixar para amanhã o que podemos fazer hoje e às vezes amanhã pode ser tarde demais. Foi o que aconteceu. Foi uma deceção para nós na altura. Custou-lhe ver os colegas a irem para os Jogos. Aí ele [David Grachat] mudou”, descreveu, à Plural&Singular, o treinador.
“Comecei a levar a natação mais a sério exatamente quando percebi, analisei, tomei consciência do que tinha acontecido, do que aquilo representava. Fiquei triste. Foi aí que tudo mudou”, explicou e confirmou o nadador.
David Grachat tem, diz quem com ele partilha a piscina, os treinos, a vida, as caraterísticas obrigatórias de um atleta de alta competição porque junta o talento com a abnegação. Treina todos os dias, duas vezes ao dia, portanto, em média, passa cinco horas e meia por dia dentro de água. LER PEÇA COMPLETA A PARTIR DA PÁGINA 94 DA 8.ª EDIÇÃO DA PLURAL&SINGULAR
Um jovem que já é referência para os mais jovens
A Plural&Singular pediu um testemunho a um dos companheiros de braçadas de David Grachat e Emanuel Gonçalves, o nadador madeirense que em novembro de 2012 foi considerado pela Confederação do Desporto de Portugal, na gala que distingue os “Desportistas do Ano”, a “Jovem Promessa” em destaque, acedeu ao desafio.
“Conheci o David Grachat em 2004 no meu primeiro Campeonato Nacional. E logo ao primeiro ‘contacto’ que tivemos, fiquei coma a certeza que esta seria uma amizade para a Vida. O David é o irmão que eu nunca tive, um bom companheiro, conselheiro, até mesmo a minha inspiração (e de muitos)”, começou por contar Emanuel Gonçalves.
Ao longo de todos estes anos ambos têm “construído e fortalecido” a amizade que os une: “O que para mim é um excelente motivo de orgulho por ter este grande Campeão no Desporto e na Vida”, realçou o atleta madeirense.
David Grachat treina com Carlos Mota há cerca de 14 anos: “Ele tem pai e mãe mas se ele precisasse de um segundo pai ou de um irmão, seria eu. Passamos mais horas juntos do que com as nossas próprias famílias. O David é uma das peças fundamentais da minha vida tanto enquanto nadador, como como homem e grande amigo”, testemunhou, à P&S, o treinador.
BI
Nome: David Grachat
Naturalidade: Loures
Tipo de deficiência: Mal formação congénita da mão esquerda
Modalidade: Natação
Provas de eleição: 400, 100, 50 Livres, 200 Estilos e 5000 Águas Abertas.
Treinador: Carlos Mota
Clube: Gesloures
Participações nos Jogos Paralímpicos: Pequim2008 e Londres2012
*A Plural&Singular completa em dezembro quatro anos de vida. Ao longo do nosso percurso já publicamos 15 edições de revistas digitais trimestrais, tendo em todas elas tentado dar destaque quer à atualidade, quer às referências, marcos, efemérides e conquistas no que ao Desporto diz respeito. No entanto, lamentavelmente, não possuímos “Perfis” (rubrica que integra a secção desportiva) de boa maioria dos atletas que vão rumar ao Rio de Janeiro, Brasil, em setembro para representar as cores lusas. Estamos no entanto a tentar partilhar também no site o material relacionado com este evento que temos compilado nas revistas até ao momento, procurando com estes exemplos, reportagens, entrevistas, de alguma forma homenagear também os atletas, instituições e treinadores com os quais ainda não tivemos oportunidade de contactar. Boa sorte a todos!
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